As relações de gênero permeiam atividades sociais e estão intimamente relacionadas aos diferentes papéis de homens e mulheres em diversas culturas. Sobre o consumo de substâncias psicotrópicas não é diferente, há tempos sabemos que os homens tendem a consumir mais bebida alcoólica do que as mulheres. Pesquisas mais recentes demonstram que alguns padrões socioculturais e socioeconômicos atuais podem influenciar o consumo de álcool e que os fatores de influência são diferentes para homens e mulheres.
Uma pesquisa realizada em Botucatu, interior de São Paulo, comparou homens e mulheres desta cidade com um distrito (Rubião Jr.) que possui características de idade, escolaridade, estado civil, religião, renda familiar e inserção no mercado de trabalho, bastante diferentes entre os gêneros. Os resultados revelaram que quando as mulheres tinham papéis sociais similares aos dos homens, o padrão de consumo de álcool entre eles não era diferente.
As mulheres que residiam em Botucatu e tinham um companheiro que abusava do álcool, tinham mais chance de também fazerem consumo de risco. As mulheres de Rubião eram abstinentes com maior freqüência do que as mulheres de Botucatu, porém a tendência das que bebiam era de exagerar nas doses em uma única ocasião (padrão binge). Com relação aos homens, para ambas as cidades o fato de eles terem amigos que abusavam de bebida aumentava as chances de fazer uso de risco também. Os resultados mostram que não é possível abordar as mulheres das duas comunidades da mesma maneira, pois são populações diferenciadas por vários fatores que se relacionam ao padrão de consumo de álcool. A importância desse tipo de pesquisa é contribuir com informações úteis à preparação de programas de prevenção, que devem ser adequados ao perfil da população.
Florence KC et. al. Diferenças nos padrões de consumo de álcool entre homens e mulheres em duas comunidades brasileiras distintas. Revista Brasileira de Psiquiatria 2008;30(3):235-242.
Mais uma informação obtida no site do CEBRID.
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