Propaganda de cigarro conquista as adolescentes


Saiu na Folha de São Paulo de hoje, 29 de março de 2010

Repórter: TARSO ARAUJO

DA REPORTAGEM LOCAL

Os cigarros vendidos nesta embalagem são finos, delicados. Alguns trazem como brinde batons com sabor de morango e joias para celular.

Com essa apresentação, o Camel nº 9 foi lançado e divulgado, em 2007, em revistas femininas dos Estados Unidos -onde se permite a propaganda de tabaco.

Cigarro para meninas? Segundo o fabricante, R. J. Reynolds, não. O alvo eram mulheres adultas, declarou a companhia em comunicado.

A campanha, no entanto, atingiu as adolescentes americanas, como mostra uma pesquisa publicada neste mês na revista "Pediatrics".

O estudo acompanhou 1.036 crianças que tinham de dez a 13 anos em 2003. Uma vez por ano, até 2008, elas responderam questões como "qual seu anúncio de cigarro favorito?".

A proporção de meninos que citavam alguma marca não mudou no período. A de meninas, porém, pulou de 34% para 44% no último ano da pesquisa -em 2008, exatamente após o lançamento do Camel nº 9.

"É uma evidência definitiva de que [os fabricantes do cigarro] violaram o acordo", diz John Pierce, autor do estudo, citando acordo de 1998 em que a indústria do tabaco se comprometia a não direcionar suas propagandas a adolescentes.

Na época do lançamento do produto, houve protestos de associações anticigarro e a campanha da marca foi interrompida. Mas a polêmica deu ainda mais evidência ao produto.

O estudo vem à tona na semana em que a FDA (agência americana que regula remédios e alimentos) aprovou uma regra que proíbe a venda de cigarros para menores de 18 anos e aumenta as restrições de anúncios de produtos de tabaco.

 

Cesar Pazinatto
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