Khat – Droga originária da África preocupa a Europa

Em sua edição número 21, o boletim “Drogas em Destaque” produzido pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, relata a preocupação da Comunidade Européia com as folhas de uma planta cultivada na África.

Trazida para o Continente Europeu por imigrantes, o khat pode se tornar um problema segundo a publicação.

Abaixo reproduzo, em português de Portugal, as informações do boletim.

Clicando na imagem abaixo, você pode ler o boletim na íntegra.

odt

As folhas de khat são cultivadas nas montanhas do Corno de África, no sul da Arábia e ao longo da costa da África Oriental. Em algumas zonas da Etiópia, do Quénia, da Somália e do Iémen, há séculos que as folhas de khat são mascadas devido às suas propriedades moderadamente estimulantes e para muitos esse consumo é uma componente normal da vida em sociedade. Tradicionalmente, o khat era sobretudo consumido pelos homens, em «festas do khat» comunitárias altamente ritualizadas. Ao fim de aproximadamente uma hora, o consumidor sente excitação fisiológica e euforia. Segue-se uma fase mais calma e introvertida, que dá lugar a uma «descida», que pode incluir agitação, irritabilidade e melancolia. Tradicionalmente, os padrões de consumo culturalmente integrado verificavam-se na proximidade das regiões de produção, inspirando a expressão artística na arquitectura, no artesanato, na poesia e em canções. Desde o final do século XIX, as sucessivas melhorias na infra-estrutura de transportes abriram novos mercados para o khat. Mais recentemente, a migração em massa de pessoas do Corno de África tem estado associada à propagação do consumo de khat para os países vizinhos, a Europa e o resto do mundo. Os padrões de consumo contemporâneos tendem a ser menos formais e podem tornar-se mais excessivos. É possível que este facto se deva à erosão dos factores culturais protectores que antes ajudavam a regular o consumo. Desconhece-se o número exacto de consumidores regulares de khat a nível mundial, mas as estimativas apontam para mais de 20 milhões.

DefiniçãoKhat_image(1)

Entende-se por «khat» as folhas e rebentos jovens e tenros da planta do khat (Catha edulis). O khat tem muitas designações, nomeadamente «qat» (Iémen), «jad» ou «chad» (Etiópia, Somália), «miraa» (Quénia) ou «marungi» (Uganda, Ruanda). As folhas e caules tenros são mascados e conservados numa bola no interior da bochecha.

Resumo das questões-chave

1. O khat contém substâncias estimulantes com propriedades semelhantes às das anfetaminas. As suas formas puras são controladas a nível internacional, mas não as folhas.

2. Na Europa, o khat é controlado em alguns países, mas não em todos, o que levou à existência de redes de transporte legais e criminosas. Embora os dados relativos ao comércio, ao consumo e às apreensões a nível internacional sejam limitados, sugerem que o mercado do khat está a crescer na União Europeia.

3. O khat é sobretudo consumido pelos imigrantes de primeira geração da África Subsariana, havendo poucos indícios de propagação do consumo a outras comunidades. As informações sobre a prevalência, os padrões de consumo e as suas consequências são limitadas.

O consumo excessivo pode causar dependência e pôr em risco a saúde física e mental de pessoas que, de outro modo, seriam saudáveis. As pessoas com perturbações mentais pré-existentes podem ser particularmente vulneráveis.

4. O khat é um tema controverso entre os grupos de migrantes. Uns defendem que contribui para a coesão cultural, enquanto outros o contestam por razões religiosas e sociais. Actualmente, faltam dados de investigação sobre as consequências socioeconómicas do consumo de khat.

5. Ao longo das últimas três décadas, o khat tornou-se uma importante fonte de emprego, rendimento e receitas nos países produtores da região do Corno de África.

Comentários