Saiu no caderno Equilíbrio na Folha de São Paulo de ontem, 6 de dezembro.
Vendidas na rede e consumidas em clubes noturnos, drogas sintéticas preocupam o Reino Unido, que cria clínica de reabilitação especial só para esses dependentes
BEATRIZ PRATES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O sistema de saúde inglês abriu uma clínica só para usuários de drogas sintéticas, cujo uso cresceu muito em três anos no país.
Além de ecstasy e outros itens proibidos, frequentadores de casas noturnas estão abusando das "legal highs", substâncias criadas em laboratório que simulam efeitos dos entorpecentes ilegais.
"O consumo desses compostos químicos aumentou muito. Só em 2010, identificamos 41 novos compostos à venda", diz o pesquisador Jonh Ramsey, da St. George's University, em Londres.
Neste ano, outras 20 "drogas legais" usadas na noite foram identificadas. "Não dá para dizer o quanto são perigosas. Não conseguimos testar tudo."
DEPENDENTE DIFERENTE
Usuários de drogas sintéticas são diferentes dos de crack, cocaína e heroína, segundo o fundador da clínica Club Drug, Owen Jones. "Eles têm nível de educação alto, estão empregados, às vezes não percebem que estão dependentes e não se adaptam aos tratamentos convencionais."
Outro diferencial dos dependentes das "club drugs" é sua alta adesão à internet. "É na rede que compram drogas. Nossa estratégia é usar a tecnologia para levar informação sobre nosso serviço e sobre o risco dessas drogas. Estamos nas redes sociais", diz o coordenador da clínica.
Essas drogas começaram a surgir na década de 80, com as primeiras raves. "O que se vê agora é a redução do uso de heroína e crack e aumento no consumo de ecstasy, mefedrona e 'legal highs'. Esse cenário é um grande desafio ao tratamento da dependência, pois lidamos com drogas novas todo dia", diz Jones.
A mefedrona, que até 2010 era vendida legalmente no Reino Unido, já é a segunda droga mais usada por jovens britânicos.
Foi ela que levou o estudante de medicina F., 19, a buscar tratamento. "Estava tomando sete gramas por noite, gastava muito com o vício. Nem estudava mais."
Outra paciente é L., 31, uma gerente de RH que corre o risco de perder a bexiga. Desenvolveu uma ulceração por causa do abuso da quetamina, um anestésico forte.
"Comecei aos 20, com amigos. Aos poucos eles foram parando, aí vi que eu não conseguia parar."
Um administrador de 27 anos diz que levou cinco anos para perceber que estava viciado em GHB, o "boa noite cinderela". Ele está no início do tratamento. "Começou como diversão. Quando me dei conta estava tomando 2 ml de GHB por hora."
A clínica tem um time multidisciplinar que faz a avaliação do paciente e define o tratamento, que vai de psicoterapia a desintoxicação. O atendimento é feito no hospital de Chelsea e Westminster, na região central de Londres.
ESTUDOS NO BRASIL
No Brasil, as "legal highs" já são consumidas por alguns grupos e as outras drogas sintéticas são bem populares nas baladas. Mas não há clínicas especializadas.
Segundo Flávia Jungerman, psicóloga do Grea (Grupo de Estudos de Álcool e Drogas), do Hospital das Clínicas de SP, esse consumo é novo no país e as implicações médicas e sociais ainda não foram bem estimadas. "O uso acontece mais nas capitais e está associado à cena eletrônica. É um fenômeno jovem e elitizado."
Mas, de acordo com Jungerman, faltam estudos epidemiológicos que calculem o número de usuários de drogas sintéticas no Brasil.
Um primeiro levantamento nacional sobre uso de drogas entre universitários, feito pelo Grea no ano passado com 12.771 jovens de várias capitais, mostrou que 7,5% dos estudantes já utilizaram o ecstasy ao menos uma vez. E 2,1% disseram já ter experimentado o GHB.
Vendidas na rede e consumidas em clubes noturnos, drogas sintéticas preocupam o Reino Unido, que cria clínica de reabilitação especial só para esses dependentes
BEATRIZ PRATES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O sistema de saúde inglês abriu uma clínica só para usuários de drogas sintéticas, cujo uso cresceu muito em três anos no país.
Além de ecstasy e outros itens proibidos, frequentadores de casas noturnas estão abusando das "legal highs", substâncias criadas em laboratório que simulam efeitos dos entorpecentes ilegais.
"O consumo desses compostos químicos aumentou muito. Só em 2010, identificamos 41 novos compostos à venda", diz o pesquisador Jonh Ramsey, da St. George's University, em Londres.
Neste ano, outras 20 "drogas legais" usadas na noite foram identificadas. "Não dá para dizer o quanto são perigosas. Não conseguimos testar tudo."
DEPENDENTE DIFERENTE
Usuários de drogas sintéticas são diferentes dos de crack, cocaína e heroína, segundo o fundador da clínica Club Drug, Owen Jones. "Eles têm nível de educação alto, estão empregados, às vezes não percebem que estão dependentes e não se adaptam aos tratamentos convencionais."
Outro diferencial dos dependentes das "club drugs" é sua alta adesão à internet. "É na rede que compram drogas. Nossa estratégia é usar a tecnologia para levar informação sobre nosso serviço e sobre o risco dessas drogas. Estamos nas redes sociais", diz o coordenador da clínica.
Essas drogas começaram a surgir na década de 80, com as primeiras raves. "O que se vê agora é a redução do uso de heroína e crack e aumento no consumo de ecstasy, mefedrona e 'legal highs'. Esse cenário é um grande desafio ao tratamento da dependência, pois lidamos com drogas novas todo dia", diz Jones.
A mefedrona, que até 2010 era vendida legalmente no Reino Unido, já é a segunda droga mais usada por jovens britânicos.
Foi ela que levou o estudante de medicina F., 19, a buscar tratamento. "Estava tomando sete gramas por noite, gastava muito com o vício. Nem estudava mais."
Outra paciente é L., 31, uma gerente de RH que corre o risco de perder a bexiga. Desenvolveu uma ulceração por causa do abuso da quetamina, um anestésico forte.
"Comecei aos 20, com amigos. Aos poucos eles foram parando, aí vi que eu não conseguia parar."
Um administrador de 27 anos diz que levou cinco anos para perceber que estava viciado em GHB, o "boa noite cinderela". Ele está no início do tratamento. "Começou como diversão. Quando me dei conta estava tomando 2 ml de GHB por hora."
A clínica tem um time multidisciplinar que faz a avaliação do paciente e define o tratamento, que vai de psicoterapia a desintoxicação. O atendimento é feito no hospital de Chelsea e Westminster, na região central de Londres.
ESTUDOS NO BRASIL
No Brasil, as "legal highs" já são consumidas por alguns grupos e as outras drogas sintéticas são bem populares nas baladas. Mas não há clínicas especializadas.
Segundo Flávia Jungerman, psicóloga do Grea (Grupo de Estudos de Álcool e Drogas), do Hospital das Clínicas de SP, esse consumo é novo no país e as implicações médicas e sociais ainda não foram bem estimadas. "O uso acontece mais nas capitais e está associado à cena eletrônica. É um fenômeno jovem e elitizado."
Mas, de acordo com Jungerman, faltam estudos epidemiológicos que calculem o número de usuários de drogas sintéticas no Brasil.
Um primeiro levantamento nacional sobre uso de drogas entre universitários, feito pelo Grea no ano passado com 12.771 jovens de várias capitais, mostrou que 7,5% dos estudantes já utilizaram o ecstasy ao menos uma vez. E 2,1% disseram já ter experimentado o GHB.
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