Publicidade de Tabaco no Ponto de Venda - baixe o livro e leia a entrevista

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Em 2012 teremos muitas ações e informações sobre as diversas iniciativas contra os prejuízos causados pelo fumo. Principalmente aqueles que envolvem crianças e jovens.

Para iniciar essas ações reproduzo aqui a entrevista concedida pela psicóloga Ilana Pinsky e pela socióloga Daniela Pantani. Elas falaram ao site da Abead em abril de 2011.

Elas e a jornalista Ana Monteiro escreveram o livro “Publicidade de Tabaco no Ponto de Venda” que você pode baixar na íntegra clicando na capa.

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Entrevista com Ilana Pinsky e Daniela Pantani (29/04/2011)

Responsáveis pelo novo hotsite da Abead, a psicóloga Ilana Pinsky e a socióloga Daniela Pantani, coordenadora e gerente do projeto, comentam em entrevista a iniciativa que deu origem ao site Publicidade do Tabaco no Ponto de Venda, lançado em abril. Confira!

O portal Publicidade de Tabaco no Ponto de Venda, lançado recentemente, aborda a questão dos malefícios da propaganda do cigarro em comércios como padarias, lanchonetes, etc. Quais são as principais metas desse projeto e como pretendem alcançá-las?

Ilana e Daniela: Essa nova iniciativa está completamente alinhada com o objetivo da Abead de participar efetivamente da discussão e elaboração de políticas públicas de prevenção e tratamento do uso de tabaco. Para tanto, algumas atividades estão sendo desenvolvidas e englobam desde a formação de um comitê para a elaboração de estratégias perante os diversos atores sociais, até o alargamento da discussão entre a sociedade de forma que os indivíduos se conscientizem a respeito do problema.

Em sua opinião, como a publicidade do cigarro influencia o consumidor final? O uso do tabaco entre os jovens pode estar diretamente relacionado à propaganda no Ponto de Venda?

Ilana e Daniela: Existem diversas pesquisas nacionais e internacionais comprovando que a publicidade de tabaco no ponto de venda é de fato percebida pelos adolescentes e contribuem para a construção cognitiva acerca de determinada marca. Especialmente quando os maços de cigarro estão dispostos ao lado de doces, balas e revistas, a publicidade e a exposição estratégica tornam o ambiente amigável à iniciação e ajudam a normalizar o produto perante os adolescentes

No Brasil, o fato da legislação ainda não ter contemplado um banimento total da publicidade, criou oportunidades para as empresas continuarem a promover suas marcas. Como podemos mudar esse cenário?

Ilana e Daniela: Para se atingir o banimento total da publicidade de tabaco, assim como já é feito em alguns países, como Austrália e Canadá, é necessário um conjunto de atividades que englobem pelo menos dois pontos principais. A primeira é o aumento do esclarecimento e conscientização da sociedade a respeito do problema. Dados recentes provaram que muitos brasileiros adultos não se dão conta de que aquilo que eles observam no ponto de venda é uma forma de publicidade de tabaco. Isso se dá especialmente por conta das diversas proibições com relação à publicidade feitas no passado. Segundo, é preciso articular os diferentes atores sociais de forma a expandir a discussão e a pressão nos órgãos governamentais visando a implantação de medidas regulatórias. Precisamos compreender que o cigarro não é um produto qualquer e sua regulação deve evoluir em prol da saúde pública.

A Abead conta com o apoio de instituições internacionais como a Bloomberg e Campaign for Tobacco-Free Kids, além do suporte de diversas organizações nacionais, como a Aliança de Controle do Tabagismo (ACTBr), Procon-SP, IDEC, Instituto Alana, Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Drogas (INPAD) e representantes da Procuradoria de Justiça. Como avalia a importância de tais parcerias na luta contra a indústria do tabaco?

Ilana e Daniela: As entidades listadas possuem uma larga experiência no ativismo contra a publicidade de produtos potencialmente danosos à saúde pública, como álcool, cigarros e alguns alimentos. A união entre as entidades não só propicia uma rica troca de experiências, como confere a cada uma delas força para o ativismo em suas causas particulares.

Ao redor de todo o mundo as políticas contra o fumo têm ganhado força. Atualmente, já se fala até em países livres do tabaco. Em sua opinião, por que o Brasil ainda não alcançou tal estágio e o que falta para que isso ocorra?

Ilana e Daniela: O Brasil já possui grandes conquistas e é considerado um dos países cujas políticas de controle de tabaco estão bem avançadas. No entanto, o país ainda precisa se esforçar para alcançar diversas medidas propostas pela Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), entre elas a questão da publicidade no ponto de venda e a expansão dos ambientes livres de fumo para outros Estados brasileiros. Uma pesquisa divulgada recentemente pela Lancet apontou o tabagismo como um dos principais fatores de risco para doenças não-transmissíveis, como câncer e doenças cardiovasculares. Nesse sentido, uma oportunidade a ser visualizada pelo país, inclusive como uma maneira de retomar o protagonismo adotado na altura do lançamento da CQCT, são as reuniões mundiais que têm acontecido sobre doenças não-transmissíveis. No entanto, mais do que se posicionar internacionalmente, o país ainda precisa elaborar políticas de continuidade à implantação da CQCT.

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