A
Revista Veja do final do mês passado, chegou às bancas estampando mais uma vez
o tema maconha em sua capa. Uma semana após é possível comentar e colocar
alguns pontos de vista sobre o que foi escrito.
Analisar
todas as possíveis repercussões durante a semana seguinte foi a principal
motivação para a demora na elaboração de um post sobre a revista.
A
capa desse ano causou certa polêmica, mas não mais que uma edição de 2000 que afirmava:
“A questão não é mais saber se um jovem
vai experimentar a erva. A pergunta é quando ele fará isso”. Relendo a
matéria 12 anos depois fica evidente que os autores do texto retrataram uma preocupante
tendência observada na época e que parece virou “modinha”. Quem convive com
adolescentes, seja pai, mãe ou educador, percebeu ao longo desses anos um
discurso cada vez mais favorável ao uso, mais liberalizante. Mesmo que os
argumentos sejam os do século passado.
Marcha
da maconha liberada, certas informações repassadas pela mídia e um vazio maniqueísta
quando o assunto é a liberação das drogas têm colaborado bastante para essa
postura. Sem falar na “ajudinha” do Presidente uruguaio querendo estatizar
a maconha e da recentíssima aprovação do uso
recreativo em dois estados norte-americanos.
Na
matéria do dia 26 de julho de 2000, a revista já trazia dados sobre os efeitos
da Cannabis sativa, principalmente
na capacidade de aprendizado dos jovens que iniciam precocemente seu uso. Mesmo
assim, na ocasião, a reportagem assustou mais do que esclareceu.
De
lá para cá, a quantidade de trabalhos científicos e de pesquisa sobre o tema aumentou
e foi possível ter acesso a dados ainda mais consistentes sobre os danos da
maconha. O problema que nem sempre eles são divulgados além das revistas
especializadas.
E
é esse justamente o mérito da revista apontado pela equipe de CPG – da qual faço parte - ao
ler a matéria do dia 31 de outubro de 2012 na mesma revista semanal.
Por
sua constante capacitação, os professores já tinham conhecimento de muitas das
informações divulgadas pela revista. A qualidade das atividades propostas e dos
debates com os alunos é diretamente proporcional ao nível de atualização da
equipe. Saber que os usuários de maconha têm duas vezes mais riscos de sofrer
de depressão, cinco vezes mais chances de desenvolver transtornos de ansiedade
e 60% deles têm dificuldades com a memória recente são informações já bastante
comentadas durante as aulas semanais de CPG.
Não
se trata de apoiar uma publicação específica, mas sim avaliar o quanto
informações cientificamente coletadas podem e devem ser divulgadas de maneira
responsável.
Os
dados apresentados podem ser questionados, mas jamais menosprezados em
comentários pretensamente politizados ou, no que seria muito pior, experiências
pessoais.
Principalmente
na frente de adolescentes.
“O atual liberalismo em torno do consumo da
droga está em descompasso com as pesquisas médicas mais recentes. As sequelas
cerebrais são duradouras, sobretudo quando o uso se dá na adolescência”, afirma
Adriana Dias Lopes.
A
afirmação da autora da matéria reflete bem o que eu penso.
Em
tempo. A seção de cartas da revista na semana seguinte só publicou cartas
favoráveis ao que foi escrito na matéria, mas e daí.
E o único blog, digno de
menção, que eu li fazendo crítica ao que foi publicado foi o do livro “Almanaque
das Drogas”. Eles têm um ponto de vista interessante apesar do trocadilho
de jardim da infância no título do post.
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