Republico uma matéria que saiu no final de 2012 no Meio & Mensagem.
Já havia lido algumas coisas sobre os sérios efeitos colaterais do uso de energéticos, mas como de costume só com informações de fora do Brasil.
Aqui não me consta que existam casos relatados e muito menos que a ANVISA tenha tomado algumas medidas parecidas com o FDA (Food and Drug Administration).
Em uma busca rápida no google achei que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária classifica esses produtos como "Compostos Líquidos Prontos para Consumo" e determina uma dosagem menor que 0,5% de álcool e máxima de 350 mg/l de cafeína. Só para efeito de comparação uma xícara de café espresso tem 100 mg/l e uma lata de Coca-Cola tem 35 mg/l da mesma substância estimulante.
Mais informações:
Nos EUA, energéticos estão sob fogo cruzado
Marcas como Monster e 5-Hour Energy enfrentam a
desconfiança dos consumidores e podem ganhar regulação mais rígida
20 de Dezembro
de 2012 •
Do Advertising Age
Tradução: Isabella Lessa
Mais correto
do que afirmar que o mercado de bebidas energéticas – que movimentou
aproximadamente US$ 7 bilhões em vendas em 2011 – está pegando fogo é dizer que
a categoria está sob fogo cruzado. E dois anunciantes no meio do incêndio estão
respondendo de jeitos bem distintos, mas com o mesmo propósito: proteger marcas
dominantes em um segmento de bebidas lucrativo e em constante crescimento.
A Food and Drug Administration (FDA),
a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA, avalia
pedir às companhias para revelar a quantidade de cafeína em alimentos, assim
como impor limitações ao uso dos produtos e avisos sobre possíveis efeitos
colaterais. A proposta decorreu da investigação de cinco mortes ligadas ao
energético Monster e 13 mortes que poderiam estar relacionadas ao 5-Hour
Energy, popular shot energético.
Bill Pecoriello, CEO da Consumer Edge Research,
afirmou que mais ou menos 65% de todos adolescentes e adultos estão conscientes
das notícias sobre as mortes que poderiam estar conectadas às bebidas
energéticas. Quase 80%% dos que receberam a informação dizem que acreditam ou
creem um pouco.
E isso já está tendo um impacto negativo na
categoria. Nas últimas semanas, 27% dos consumidores pararam ou reduziram o uso
de 5-Hour Energy, com 10% argumentado que foi por causa das notícias negativas;
26% declararam questões de saúde devido a efeitos colaterais.
“É cedo. As notícias ainda estão evoluindo
diariamente”, disse Pecoriello, em conferência da Beverage Digest semana
passada.
De fato, o assunto de bebidas energéticas surgiu
repetidamente na conferência realizada em Nova York. Joe DePinto, presidente e
CEO da 7-Eleven, declarou estar “preocupado” com a categoria, grande geradora
de receitas para as lojas de conveniência.
“Precisamos ser responsáveis e ajudar aqueles para
quem estamos vendendo a entender o perigo de misturar energético com álcool.”,
afirmou DePinto. “Beber com responsabilidade: não é diferente de tomar café”.
Uma quantidade significativa de dinheiro está em
risco. A categoria de energéticos alcançou US$ 5,3 bilhões nas vendas de
atacado no último ano. A adesão do público adolescente cresceu durante a
primeira metade de 2012, segundo a Beverage Marketing Corp. Não está incluso no
montantes a categoria de shot energético, que atingiu US$ 1,3 bilhão de dólares
em vendas nas 52 semanas anteriores ao dia 7 de outubro, de acordo com o
Symphony IRI Group.
“A categoria de energéticos está provavelmente se
aproximando de tempos potencialmente complicados, dependendo do que a FDA e a
FTC decidam fazer ou não fazer”, afirmou John Sicher, editor da Beverage
Digest. “Foi um crescimento grande, é uma categoria de lucro alto, e acho que a
ameaça de novas regulações em potencial certamente cria um ponto de
interrogação, que vai permanecer pelo próximo ano, quem sabe até 2014”.
De fato, mesmo antes da investigação da FDA, a
categoria estava lidando com uma percepção negativa acerca da população em
geral, segundo o YouGov BrandIndex. Tome, por exemplo, o “space jump” do Red
Bull Stratos, que atraiu atenção da mídia global. Embora tenha estimulado a
percepção de marca, ainda assim falhou em colocar o Red Bull em território
positivo entre a população geral.
Estratégias diferentes
para a crise
Nem a Monster, nem a 5-Hour Energy responderam aos
pedidos de entrevistas do Advertising Age – ambas empresas divulgaram notas
oficiais em defesa de seus produtos – ainda que estejam reagindo às notícias
negativas na imprensa de meneiras bem distintas.
Arik Ben-Zvi, sócio-diretor do Glover Park Group,
que pertence ao WPP, afirma que apesar dos produtos serem similares e
pertencerem à mesma categoria, o posicionamento das marcas é diferente o
bastante para garantir estratégias de gestão de crise díspares.
“A 5-Hour fez um grande esforço para se tornar um
produto mainstream, não apenas para clubbers ou praticantes de esportes. Eles
se posicionaram como uma alternativa ao café para quem está no trabalho, afirma
Ben-Zvi. “A Monster, por sua vez, parece cativar consumidores mais jovens e
menos preocupados quanto às implicações à saúde (riscos e benefícios)
relacionadas aos produtos que consomem”.
Para Ben-Zvi, a situação é um pouco mais delicada
para a 5-Hour. “Eles assumiram uma postura forte. Tentar impedir que uma
história ganhe repercussão é uma estratégia de altos riscos e grandes
recompensas”, avalia.
Defesa em grupo
Recentemente, a Monster entrou para a Associação
Americana de Bebidas, que publicou um guia de responsabilidade paro o marketing
e os rótulos de bebidas energéticas em 2011. Antes, a Red Bull era a única
fabricante de energéticos que fazia parte da entidade. O porta-voz da
associação Christopher Gindlesperger afirma que o a data da entrada não está
relacionada aos problemas enfrentados pela marca, uma vez que as conversas para
a filiação da Monsters ocorriam “já há algum tempo”.
Gene Grabowski, especialista em gestão de crise e
vice-presidente da Levick, aponta que, em uma situação delicada envolvendo toda
uma categoria, é uma boa ideia defender-se em grupo. “Se toda a categoria está
sob risco de uma regulação, ganhar força numericamente é importante”, disse.
“Eles podem colaborar uns com os outros e apresentarem um case da categoria
para o órgão regulatório.”
O case que a Associação Americana de Bebidas
planeja defender é de que o café tem mais cafeína, em média, do que as bebidas
energéticas. “Os reguladores deveriam estar conscientes das consequências em
cadeia que uma restrição pode gerar”, diz Gindlesperger. “Para ser consistente,
pode ser que cafeterias tenham que pedir identificação a jovens adultos antes
de servi-los um café ou chá.”
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