Demorei mais do que queria para postar outras informações sobre a 16th Alcohol Policy.
De uma certa forma até que foi bom, pois consegui juntar as informações dos dois últimos dias e também colocar links para o material apresentado pelos palestrantes.
Espero que você goste.
O segundo dia começou com a sessão de posteres e Alan Vendrame do Brasil apresentou “Survey of trials involving alcohol advertisements by the board of Brazilian advertising self-regulation in last decade”. Dr. Vendrame mostrou dados da pesquisa realizada sobre os julgamentos feitos pelo Conselho de Autorregulamentação Publicitária mostrando que há diferenças na análise quando a reclamação vem do consumidor e quando vem da própria indústria ou até mesmo do CONAR.
Outro pôster interessante foi “Teen parties: Who has parties and what predicts whether there will be alcohol” Mostrou-se resultados do consumo de álcool em festas de adolescentes a partir da presença de adultos ou não ou se os pais sabiam da festa ou não. A pesquisa foi feita na Califórnia com jovens entre 14 e 19 anos.
“Regulating alcohol industry marketing practices” foi a principal conferência da manhã e um painel interessante da “globalização do álcool” e de que forma as empresas buscam cada vez atrair o público jovem.
O padrão de consumo entre o sexo feminino no Canadá foi o tema de “Girls, women and alcohol: Gendering the dialogue around alcohol”. No país da América do Norte assim como no Brasil as mulheres estão bebendo cada vez mais. Os pesquisadores trouxeram uma questão interessante: Seria o álcool o “anabolizante” que as mulheres buscam para enfrentar a complexidade e as exigências da vida moderna?
Conhecer um pouco mais da atuação do The Center on Alcohol Marketing and Youth (CAMY) através de seu criador Dr. David Jernigan foi o ponto alto de “Monitoring youth exposure to alcohol messaging in US media”
O último dia do 16th Alcohol Policy também começou como uma sessão de posteres e o projeto “Hello Sunday Morning: Shifting binge drinking cultures using social media” do jovem australiano Chris Raine foi um dos destaques. Ele conta como uma experiência pessoal de superação e as redes sociais podem ajudar a prevenir ou evitar o beber pesado entre os adolescentes.
“Implementing the WHO Global Alcohol Strategy: Roles and responsibilities of civil society, NGOs, the public health community, and the alcohol industry” foi uma mesa redonda interessante e com alguma polêmica. O cientista político Hans Peter Schmitz de certa forma provocou os outros participantes sugerindo que não se combata mais a indústria do álcool como se combateu a indústria do tabaco em anos anteriores, mas sim como a indústria de comida processada. Chegou a dizer que se perde muito tempo comparando o tabaco e o álcool. Sugeriu também que se tentasse parcerias com grupos como alcoólicos anonimos, comunidades médicas e outras com a International Diabetes Federation, International Union Against Cancer, World Heart Federation. Recebeu críticas educadas de Sally Caswell, mas também recebeu apoio de outros participantes.
A conferência final contou com o bom humor do Dr, Tom Babor e a emoção incontida do Dr. David Jernigan. Fechou-se um evento muito interessante com chave de ouro.
Com o título “Looking to the future“ e a participação da brasileira Maristela Monteiro representante da Organização Panamericana de Saúde procurou-se responder questões como: O que podemos alcançar através de uma ação combinadas, em nível local, estadual / regional e internacional? Que lições podemos aprender com a história? Quais são as principais iniciativas governamentais e não-governamentais sobre o horizonte para ajudar a alcançar um ambiente mais seguro e saudável? As vias que temos para alcançar resultados mais positivos?
Dr. Babor, em uma paródia bem humorada do apresentador americano David Letterman, relacionou as “Top Ten” tentativas da indústria do álcool em ajudar(???) a Organização Mundial da Saúde em sua Estratégia Global para o Álcool.
Veja a lista abaixo:
10 Em Moçambique, a SABMiller começou a produção de uma cerveja chamada “Impala” e negociou um imposto especial 30% menor.
9 Em 2005, a Diageo lançou um site que pedia para os visitantes criticarem a tentativa do Estado da Califórnia em reclassificar cervejas aromatizadas como bebidas destiladas.
8 Conselho Consultivo sobre Álcool da Nova Zelândia vinculado aos produtores de álcool formou parceria com o Conselho da Cidade para promover a sua cerveja light em três hotéis de South Auckland.
7 No México, uma tal Fundação para a Investigação Social também vinculada a indústria promoveu campanhas sobre o beber moderado destinada aos estudantes do ensino fundamental e médio.
6 Na Alemanha, a InBev patrocina aulas para aprender a dirigir, onde os jovens, sob a supervisão da polícia, dirigem duas vezes: uma vez quando estão sóbrios, e uma segunda vez depois de terem bebido álcool.
5 Na Tailândia a Diageo desenvolveu a campanha “Tampinhas de Smirnoff Ice”. O objetivo era estimular as pessoas a doarem as tampas para a The Prostheses Foundation of Thailand, uma entidade que fornece e desenvolve próteses para amputados. A ideia era promover a marca fazendo “coisas boas” para a sociedade tailandesa.
4 A União Comercial de Viticultura e do Vinho da Eslovénia promove um seminário intitulado: “O Vinho e o Jovem” para alunos do Ensino Médio. O programa inclui palestras e degustação de vinhos.
3 No México, os programas de rádio e televisão informam consumidores sobre os aspectos positivos do consumo moderado de cerveja e o potencial efeito benéfico sobre a saúde.
2 Na Dinamarca, um panfleto distribuído gratuitamente para escolas aconselha jovens de 14-15 anos para usarem álcool de forma sensata quando frequentarem festas.
1 Diageo USA lançou uma campanha de TV que diz: "Boo to awkward social situations and Hooray to Red Stripe Beer" Em tradução livre seria algo como: “Uma vaia para as situações sociais difíceis e um viva para cerveja Red Stripe"
O Dr. Jernigan contou detalhes sobre sua trajetória na luta em favor de políticas públicas mais responsáveis para o álcool e encerrou o evento elogiando a dedicação de todos os participantes.
Comentários