Propaganda, crianças e internet

internet

Na semana passada, publiquei um artigo em que divulgava algumas das estratégias utilizadas pelas cervejarias para alavancar a propaganda de seus produtos junto ao público jovem.

No dia 22 da abril, a Folha de São Paulo reproduziu uma matéria do New York Times que mostra como a indústria alimentícia vem apostando na internet como um importante veículo de divulgação de seus produtos entre as crianças.

As semelhanças não são mera coincidência.

Propaganda para crianças cresce na internet

Empresas usam facilidades multimídia para divulgar alimentos de baixo valor nutritivo

DO "NEW YORK TIMES" publicado na Folha de São Paulo no dia 22 de abril de 2011
Muitas companhias estão reescrevendo as regras da publicidade direcionada às crianças na era da internet.
Essas empresas muitas vendem cereais matinais e alimentos de baixo valor nutritivo usam jogos multimídia, concursos on-line de perguntas e respostas e aplicativos para celulares para criar elos fortes com consumidores mais jovens.
Quando essas táticas giram em torno de comida, e desconsideram a distinção entre publicidade e entretenimento, tornam-se fonte de preocupação cada vez mais forte para os especialistas em nutrição e os ativistas que defendem as crianças e começam a atrair o interesse das autoridades regulatórias.
Os críticos dizem que esses anúncios permitem que as companhias atraiam crianças de uma maneira que não lhes é possível na TV, para a qual existem regras que limitam horários comerciais. Dadas as centenas de milhares de visitas mensais que muitos sites recebem, os anúncios vêm se tornando parte do percurso digital diário das crianças.
Especialistas apontam para diversos estudos que demonstram conexão entre a divulgação dos alimentos de baixo valor nutritivo e dietas de baixa qualidade, as quais afetam a obesidade infantil.
Representantes do setor alimentício classificam essas críticas como injustas e dizem que seu marketing dirigido às crianças se tornou menos agressivo na internet.
Desde 2006, 17 grandes empresas nos EUA, entre as quais McDonald's, Pepsi, Coca-Cola e Burger King, assumiram o compromisso voluntário de reduzir a publicidade de suas marcas menos nutritivas para crianças.
O compromisso dispõe que essas empresas só veicularão publicidade de escolhas "que façam bem".
Especialistas em nutrição afirmam que esses compromissos voluntários envolvem sérias lacunas e que alimentos "que fazem bem" é um termo relativo, que permite às empresas divulgarem escolhas pouco saudáveis.
As empresas têm bons motivos financeiros para divulgar seus produtos para crianças. James McNeal, ex-professor de marketing na Universidade Texas A&M, faz uma estimativa de que as crianças influenciam cerca de US$ 100 bilhões em decisões de compras de comidas e bebidas por ano.
Alguns pais dizem que o marketing on-line subverte seus esforços para melhorar as dietas de seus filhos. Toribia Huerta, a mãe de Lesly Lopez, disse que a filha a atormenta para que compre cereais açucarados que veem nos sites dos jogos.
Mas Huerta também diz que os sites desses produtos parecem divertidos e seguros. "Os jogos parecem bons para a idade dela."


Tradução de PAULO MIGLIACCI

Comentários